(Il tempo stringe, clock is ticking, l’horloge tourne, die Uhr tickt, время проходит (vremya prokhodit..,)

(“O tempo foge” = escampasse, evapora-se, vai-se…,).

Porque, enfim, tudo passa;
Não sabe o Tempo ter firmeza em nada;
E a nossa vida escassa
Foge tão apressada.
Que quando se começa é acabada.

Camões, (Luiz Vaz de) (1524 – 1580) – excerto de Ode.

Numa festa semelhante à Saturnália romana celebramos esta noite mais um fim de um ano (2016) e o começo de outro (2017).

Há uma semana, calendário gregoriano, celebra-se no Hemisfério Norte o solstício de inverno.

Por aqui, na TV, sorridentes “videntes”, eternos picaretas de final do ano, profetizam dentre outras, a ocorrência futura de catástrofes – enchentes e secas no Brasil. Alguém tem dúvidas da existência milenar e da ocorrência desses fenômenos meteorológico num país continente como o nosso, no Sul e Nordeste?

Esse dia (31 de dezembro) é aquele em que constatamos com mais sensibilidade que o tempo do relógio parece fluir entre nossos dedos sem que possamos detê-lo. No tempo exaurido pela Ampulheta e na visão de Eos que nasce no Oriente e desaparece todos os dias surge sempre a pergunta:

O que é o Tempo?

O Tempo é um índice de interação entre os seres humanos que necessitam de ritual de passagem ou é uma abstração da mente numa realidade física infinita, imutável e eterna?

Não é nosso objetivo aqui, entrar na discussão entre realistas, (que defendem a existência do tempo separadamente da mente humana) e os antirrealistas (que não só duvidam como negam ou problematizam a tal existência separada), muito menos suas reflexões em filosofia.

Em psiquiatria, sabemos que as características do psiquiatra, como suas crenças, valores, sensibilidade, estado emocional no momento do exame psíquico, podem interferir nos fenômenos observados. Todos eles ligados às sequências interativas indexadas em nossa memória sináptica na variável vivencial que denominamos tempo.

Também as características do paciente interferem na expressão e obtenção dos dados (por exemplo, sua orientação temporal e espacial).

Um dos fatores provocante e bastante instigante deste relacionamento médico – paciente é como o profissional (médico psiquiatra ou de outra especialidade) deva usar seus conhecimentos para entender o que está acontecendo com o outro em temporalidade diferentes e como deverá interagir de acordo com esta compreensão. Mas, isso é outra história, para um outro tempo.

Os Senhores (as) Doutores poderão consultar Parmênides de Eléia (530 – 460 a.C), o paradoxo do seu discípulo Zenon (também de Eleia (505 -? a.C) e mais recentemente Kant (Immanuel – (1724 – 1804) ou Mc Taggart (John McTaggart Ellis McTaggart – (1866-1925) objetivando complementar as reflexões aqui suscitadas.

Para os católicos romanos é em Santo Agostinho (Agostinho de Hipona – (354 d.C. – 430 d.C.), no livro XI das Confissões que irão encontrar subsídios para uma análise a gosto da constituição da temporalidade e da eternidade, certamente influência dos estudos do Hortensius de Cícero (Marcus Tullius Cicero – (106 a.C.- 43 a. C).

Por estas e outras é que talvez o Poeta (Paulo Mendes Campos – (1922-1991) no poema “Não consigo entender O Tempo a Morte”, assim se tenha expressado:

“Não consigo entender
O tempo
A morte…”

Quanto a nós, resta-nos desejar um bom passar do Tempo que morre como nós a cada dia, a cada instante e que passa e continuará passando inexorável e irremediavelmente qualquer que seja o idioma que escolhamos para expressar esse eterno fenômeno.

Que se queira ou não ler e aceitar, entende-se! Que se deturpe, não!

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